terça-feira, 6 de abril de 2010

Fernando Carvalho: Mocinho ou Bandido ?


Sempre que ocorrem crises no Internacional, três personagens são os eleitos pela torcida como os responsáveis diretos por tudo de ruim que acontece dentro do campo. Vitório Píffero, Fernando Carvalho e o treinador do momento.



O atual presidente Vitório Píffero, por ocupar o principal cargo diretivo do clube e por sua natural antipatia com o grande público em geral.



O Técnico, seja ele quem for, por ser o "chefe" dos jogadores e por ser sempre "burro".



E Fernando Carvalho, por ser Vice de Futebol, ou seja, o "chefe do chefe" e, principalmente, por ter sido campeão da Libertadores e do Mundo como Presidente.



Ao contrário de um salvo-conduto, os principais títulos da história do Internacional geraram uma exigência eterna por excelência para o ex-presidente e atual vice de futebol, sem permissão para errar.



Se entre 2002 e 2006, as contratações erradas, as vendas de promissores atletas de base, os afastamentos por indisciplina, enfim, todas as ações diretamente ligadas ao futebol de um clube, eram questionadas (sim, sempre foram criticadas !), mas também relativizadas sob um contexto de crescimento orgânico do Inter.



A partir do ano mágico colorado, não há mais espaço para relativizar. As compras e vendas de jogadores têm cunho apenas financeiro e deliberadamente corrupto e as punições são muito severas ou muito brandas.



Será assim mesmo ?



Pois, com a volta de Fernando Carvalho ao dia-a-dia do Internacional, a partir de meados de 2008, o clube conquistou o campeonato estadual (que não vale nada quando se ganha, apenas quando se perde), a Copa Sul-Americana, um vice-campeonato da Copa do Brasil, posição somente igualada ou superada em 1992 e mais um vice-campeonato Brasileiro, perdendo para uma equipe do Flamengo que, ao contrário do que se propaga por aí, era mais cara e mais qualificada que a do Internacional. Tudo isso, mantendo-se como segundo clube mais sudável financeiramente do Brasil.



É ruim ? Não é. Poderia ser melhor ? Sim, poderia. O Inter poderia ter vencido a Copa do Brasil ou o Brasileiro de 2009, mas o título escapou por pouco e, mais importante do que vencer esporadicamente um campeonato brasileiro é que o clube consiga manter-se disputando os títulos importantes, ano após ano.



Entre 2002 e 2006, com Fernando Carvalho de presidente, o Internacional contratou bons e maus técnicos, jogadores conhecidos que deram certo e outros tantos que não funcionaram. Também contratou jogadores desconhecidos que foram bastante importantes para o clube e muitos anônimos que sairam sem serem notados.



Houve erros e acertos, mas a certeza de que o Internacional crescia um pouco mais a cada nova temporada. Com a saída de Fernando Carvalho no início de 2007, os resultados do clube foram, em geral, muito fracos. No primeiro ano encerrou o Gauchão sem sequer alcançar as finais, caiu na primeira fase da Libertadores e não conseguiu nova classificação para o torneio continental.



No segundo ano, antes da volta de Fernando Carvalho, um título gaúcho triturando o Juventude, mas desclassificação na Copa do Brasil e má campanha no Campeonato Brasileiro.



Portanto, com a volta do ex-presidente à rotina do Beira-Rio, o clube voltou a apresentar crescimento e constância de resultados, a despeito de erros e acertos pontuais. E se Fernando Carvalho é culpado de algo, talvez seja da incapacidade, até agora, de apontar um sucessor à altura.


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