quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Os professores e os preconceitos


A falta de opções no mercado brasileiro de treinadores torna possível a vinda de Jorge Fossati para o Beira-Rio.

Quais seriam as outras opções ? Cuca não tem o perfil. Dorival Júnior está quase acertado com o Santos. Muricy tem contrato com o Palmeiras. Luxa vai pro Galo Mineiro. Abel está nos Emirados.....

Não existem opções e Fossati parece ser realmente a melhor (e mais barata) alternativa. Mas paira no ar uma forte desconfiança da torcida e da opinião pública em geral. Porquê ?

Porque Fossati é uruguaio e não fala português afirmariam alguns incautos. Mas eis que este morou no Brasil enquanto defendia Avaí e Coritiba e aprendeu nosso idioma. Mas também, entre falar Português, Espanhol e Portunhol, vamos combinar que não há grandes diferenças.

Outros lembrarão que dificilmente um treinador estrangeiro dá certo no futebol brasileiro. E realmente, está aí algo difícil de encontrar. Mas da mesma maneira, é difícil encontrar um treinador estrangeiro com algum renome que tenha trabalhado no Brasil.

Nos últimos vinte anos, os casos mais notórios são os de Passarella no Corinthians, Rojas no São Paulo, Pedro Rocha e Figueroa no Inter. Desses, o mais conhecido era Passarella, porém muito mais pelo que jogou do que pelo que treinou. Rojas e Figueroa eram ex-atletas identificados em seus clubes que assumiram seus cargos de maneira interina, à la Andrade, e desempenharam papel razoável.

Porém, o caso mais presente na mente colorada, e que talvez seja a causa de tanto temor, é o de Pedro Rocha. O ex-craque uruguaio chegou ao Inter em meados da década de 1990 e já na primeira entrevista mostrou seu despreparo ao chamar o Colorado de "a Inter", como se se referisse à Inter de Limeira (ou de Milão).

Além disso, Pedro Rocha vinha sem experiências em grandes clubes ou Seleções. Seu currículo era farto em equipes do interior de São Paulo, sendo o mais marcante o Mogi Mirim.

A questão tática também contribuiu para o fracasso de Rocha no Inter, pois o Uruguaio não abria mão do 3-5-2, crente de que conseguiria implantar o "Carrocel Caipira" no Colorado.

Por fim, é bom lembrar da bagunça em que se encontrava o clube naquela ocasião. É bem possível que nem mesmo Beckenbauer ou Alex Fergusson dessem jeito naquele time.

Fossati tem mais experiência e parece mais preparado que Figueroa, Rocha, Rojas e Passarella. Todavia, sempre existirá um certo preconceito da grande massa de torcedores, que não prestam muito atenção nos nomes dos técnicos de fora e que, certamente estranharão um gringo por aqui.

Porém, é bom lembrar de que Abel Braga veio em 2006 sob forte desconfiança geral e atingiu os objetivos do Clube naquela ocasião.

Portanto, mais importante do que a cor do passaporte do sujeito, seu idioma ou o preconceito que torcida tem, é a convicção dos homens do futebol.

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