quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O que Ele tem com isso ?


Saiu no Blog Bola Dividida, do ClicRBS, o segredo do Avaí para a boa colocação do time catarinense na classificação do Campeonato Brasileiro.

Fiquei curioso para saber do que se tratava, pois o Avaí vem realmente surpreendendo.

Eis que o grande segredo do time de Silas não é a técnica dos jogadores, nem a tática, muito menos o conjunto. É Jesus, Deus, ou sei lá, o Consultor Espiritual.

Diz o Consultor de que Silas tem uma “relação especial com Deus” e convicção de que as “reuniões espirituais” em que quase todo o grupo participa têm ajudado na evolução do time.

Daí eu me pergunto se o(s) técnico(s) do Sport, do Náutico, do Fluminense, etc., têm alguma dívida com o Senhor, pois os times deles estão muito mal. Vai ver a relação desses treinadores com Deus não seja “especial” como é com Silas.

Umas das piores coisas que têm acontecido no futebol atualmente é essa disseminação da pregação religiosa, atribuindo a Deus os feitos dos jogadores e alguns técnicos.

Em primeiro lugar, os resultados de campo, bons ou ruins, nada tem a ver com qualquer coisa sobrenatural. É reflexo da qualidade dos atletas e da boa aplicação da tática e física desenvolvida pela Comissão Técnica. No âmbito dos clubes, tem relação com o bom ou mau trabalho dos dirigentes.

Em segundo lugar, a pregação desmesurada nos leva a uma questão ética, pois fere a liberdade religiosa daqueles que discordam do cristianismo ou de qualquer religião.

Por fim, nos leva a questionar como ficam os atletas que não se enquadram nessas crenças. No caso do Avaí, por exemplo, se um dos jogadores não concordar com essa pregação, não ficaria deslocado do grupo ? E o técnico trataria esse jogador como trata os demais ?

Esse assunto não é novo. Começou com Marcelinho Carioca, Müller e outros na década passada, mas com os últimos acontecimentos envolvendo a Seleção Brasileira, que ao vencer a Copa das Confederações, apresentou “todo o grupo” ajoelhado no meio do campo, vestindo uma camisa de louvação a Deus e não ao próprio esforço, e Kaká, que claramente utiliza-se de seu talento para pregar sua Igreja, parece estar tornando-se grande demais.

Seria bom que voltássemos ao tempo em que as pessoas assumiam seus atos, suas qualidades e seus defeitos e parassem de atribuir a algo superior e incerto suas atitudes presentes.

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